Fazendo jus a sua condição de favoritos, o holandês Edward Gal e seu Moorsland Totilas arremataram o terceiro ouro na modalidade Adestramento nos Jogos Equestres Mundiais em Kentucky (EUA), nessa sexta-feira, 1/10.
Três ouros para Edward Gal e seu Moorsland Totilas; foto: FEI / Kit Houghton
Desde o Mundial 2006 são três as medalhas em jogo no Adestramento: disputa por Equipes, Grand Prix Special e Grand Prix Freestyle - reprise musicada com livre coreografia de movimentos obrigatórios. Os seus três títulos mundiais de Moorsland Totilas, um sela holandês filho de Gribaldi de 15 anos, e seu cavaleiro Gal - que vem quebrando todos recordes em curto espaço de tempo - não foram surpresa.
Edward e Totilas: um espetaculo para ninguém botar defeito; foto: FEI / Kit Houghton
Mas o brilho não foi somente da dupla holandesa. Medalha de prata por equipes e no Grand Prix Special, Laura Bechtolsheimer, de apenas 25 anos, e seu Mistral produziram o recorde pessoal de 85,35% de3 aproveitamento no Grand Prix Freestyle tornando-se a primeira britânica a conquistar três medalhas nos Jogos Equestres Mundiais de Adestramento.
Laura Bechtolsheimer com seu Mistral: três medalhas de prata e recorde britânico na história dos Jogos; foto: FEI / Kit Houghton
"Meu cavalo tem sentido dificuldades no Freestyle, mas felizmente ele estava concentrado em mim essa noite. Fizemos pequenos erros nas mudanças a dois tempos e também um pouco no piaffe. Mas Mistral mostrou suas verdadeiras qualidades e logo se recuperou", comentou Laura. "Estou muito orgulhosa do meu cavalo."
Em mais um feito histórico, Steffen Peters montando Ravel, 3º no GP Special e GP Freestyle, foi o primeiro norte-americano a conquistar uma medalha no adestramento em 78 anos desde que Coronel Hiram Tottle e seu Olympic arremataram bronze nas Olimpíadas de Los Angeles em 1932.
Steffen Peters com seu belo Ravel: bronze pelas cores dos EUA; foto: FEI / Kit Houghton
Páreo de estrelas
Outro grande resultado coube a dupla espanhola Juan Manuel Munoz Diaz e seu garanhão Fuego, favoritos do público, 4º colocado no Grand Prix Special, e que viria a fechar em 5º lugar no Grand Prix Freestyle. Entrando na arena com seus joelhos quase atingindo seu fucinho, o garanhão tordilho chamou muita atenção. Ainda antes de cumprimentar os juizes, Diaz parou para um breve instante de preparação e Fuego se juntou a ele, abaixando-se para colocar o fucinho sobre seu membro anterior, supreendendo um pouco o público. Logo, embalados pelo ritmo de uma trilha espanholada, já no primeiro trote alongado de Fuego, leves sorrisos se transformaram em palmas espontâneas.
Juan Manuel Munoz Diaz montando garanhão espanhol Fuego: conjunto sensação no Mundial 2010 em clique de arquivo: foto: site cordoba ecuestre
Muito mais viria: incluindo mudanças a tempo conduzidos em uma só mão e novamente com só mão passage e piaffe na linha do meio - causando momentos de quase histeria em torno do picadeiro. No alto final, o showman Diaz não se conteve e quase se separou do cavalo que esboçou um vôo a frente quando o cavaleio levantou sua cartola em comemoração. O público foi à loucura e vaiou o juri quando saiu o resultado da dupla: 81.450% - que a seu ver não foi realmente suficiente. Mas ainda assim foi um espetacular e muito merecido percentual.
Próximo a entrar, Gal atrasou sua entrada para que o volume na arena baixasse e começar a apresentação com o cavalo que se tornou uma lenda viva em tão pouco tempo... e o silêncio tomou conta da arena. "Esse estádio é impressionante. Ontem não havia ninguém quando treinávamos aqui dentro e hoje tem essa multidão - todos tivemos que lider com isso", colocou Gal, referindo-se a eletrizante atomosfera.
Uma lenda viva: Edward Gal e Moorsland Totilas; foto: FEI / Kit Houghton
Totilas interrompeu seu primeiro movimento de passage e caiu no galope no primeiro trote alongado, mas logo entrou no ritmo, construindo uma impecável performance e grandes notas. Todos os cinco juizes o colocaram isolados na 1ª colocação e quando saiu o resultado de 91.800% ficou claro que o ouro já tinha dono.
O norte -americano Peters teve a dificil missão de ser o próximo no picadeiro, mas seu cavalo Ravell não deixou que caísse. Com muita tranquilidade e calma, o conjunto apresentou seu encantador apoio e trote alongado e com 84.850% levou o bronze atrás de Bechtolsheimer.
Restava agora saber se a representante da Holanda Imke Schellekens-Bartels poderia mudar o quadro de medalhas. Sua montaria Hunter Douglas Sunrise, uma filha de Singular Joter de 11 anos, como de cosutme, mostrou seu equilibrio e exuberância, mas os 82.10% não foram suficientes para subir ao pódio fechando sua participação na 4ª colocação.
Imke Schellenks Bartes com hannoverana Hunter Douglas Sunrise, filha do garanhão Singular Joter, do criatório brasileiro Haras Joter de propriedade de Jorge Gerdau Johannpeter; foto: FEI / Peter Nixon
Campeão enaltece o trabalho em equipe
Gal, dono de três ouros no Mundial de Kentucky, ressaltou o trabalho de todo seu time. "Trabalhamos equipe e estamos fazendo um grande trabalho. Mas um cavalo como Totilas ajuda muito!", declarou o campeão. "Você precisa tratar bem o cavalo e se divertir com ele para respeitá- lo. Somos "pessoas do cavalo" que sabem o que é e não é bom para ele e isso é importante", acrescentou Gal.
A presidente do juri Linda Zang dos EUA ressaltou as diferenças entre os três melhores cavalos. "Essa noite julgamos três diferentes cavalos. Totilas tem tanta potencia mas é fácil e leve. Edward realiza um grande trabalho enquadrando e trabalhando-o de forma alegre. O cavalo da Laura é grande e potente e ela se empenha 100% para deixá-lo equilibrado. Já o cavalo do Steffen é elástico e suave, tem uma harmonia diferente.
Linda Zang também comentou a performance do garanhão espanhol Fuego, " o público se apaixonou por por ele. Os espanhois certamente estão chegando ao grupo de ponta no Adestramento. É maravilhoso ver um novo país crescer na modalidade."
Brasil estreou com um time
Para o Brasil, o evento marcou a estreia de um time verde amarelo na história dos Jogos na modalidade de Adestramento. Luiza Tavares de Almeida com seu Samba,63,574%, Marcelo da Silva Alexandre apresentando Signo dos Pinhais, 63,234% e Rogério da Silva Clementino com Portugal, 61,872%, ocuparam a última posição na disputa das 14 equipes.
Luiza, mais jovem amazona na história dos Jogos Olímpicos, e Rogério, primeiro afro-descendente a se qualificar para o hipismo em uma Olimpíada, integraram a equipe de bronze no Pan 2007. Marcelo Alexandre - que recém estreou no Grand Prix - também já figura entre as grandes forças da nova geração do adestramento brasileiro. As montarias dos três representantes em Kentucky são da raça Puro Sangue Lusitano.
Luiza Almeida com seu pequenino Samba colheu carinhosos aplausos ao final de sua apresentação do Grand Prix das equipes; foto: Chris Moraes/cedida
Na disputa individual, Luiza, Marcelo e Rogério, todos estreantes no Jogos, fecharam, respectivamente, na 55ª, 56ª e 58ª posição entre um total de 67 participantes - registrando a melhor participação individual brasileira até hoje. A primeira foi no Mundial de Jerez de la Frontera em 2002 com Micheline Schulze e Frape.
Com a fonte: FEI / Louise Parkes - Versão Carola May
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