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Djalma de Siqueira Junior, médico com residência em Ortopedia e Traumatologia e especialização em cirurgia de joelho, ombro e em medicina esportiva, assumiu o cargo de diretor médico da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH), na gestão de Fernando Sperb, presidente, e Barbara Laffranchi, vice, no ciclo olímpico até Paris 2024.

Envolvido com esporte hípico, especialmente por meio de sua filha, a amazona Camila Alvares Correa de Siqueira, Dr. Djalma, com apoio de outros pais, começou a pesquisar o atendimento médico em concursos hípicos e acabou atuando na diretoria médica da Federação Paulista de Hipismo. Agora, em comum acordo entre as partes, e visando uma atuação mais ampla, Dr Djalma aceitou o cargo de diretor médico da CBH.

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Dr. Djalma de Siqueira Junior, diretor Médico da CBH

Fernando Sperb, presidente da CBH, destacou a importância da nova diretoria. “Estamos concretizando mais uma importante etapa do nosso plano de trabalho, com a reativação da Diretoria Médica voltada especialmente à prevenção e proteção das nossas amazonas e dos nossos cavaleiros”, disse Sperb. “Aprimorar a segurança e trazer mais tranquilidade a todos é essencial para um esporte cada vez mais competitivo e eficiente! Somos muito gratos ao Dr. Djalma por ter aceito esse desafio e à Federação Paulista de Hipismo por nos ter “cedido” o diretor médico.”

Em entrevista para CBH, Dr. Djalma revelou a trajetória e formação, desafios e metas.

Sua indicação a diretor médico também foi um pedido da Comissão de Atletas da CBH. Pessoalmente o que te levou a aceitar o cargo?

Esse processo começou há uns cinco anos, com alguns pais que identificaram falhas no atendimento médico em concursos que seus filhos participaram. Então alguns de nós como o Adriano Schinchariol, Suzy Forrest, Juliana Ozores e eu procuramos pesquisar o que já existia de regulamentação da FEI e, junto com algumas ideias que achávamos necessárias, buscamos levá-las à Confederação. Felizmente encontramos na Federação Paulista de Hipismo, na gestão do Gabriel Khoury, presidente, e José Martha, vice, apoio para dar seguimento a essa iniciativa e daí foi criada a Diretoria Médica, algo que não existia.

Agora na gestão do José Vicente Marino, na presidência da FPH, procuramos implementar definitivamente alguns projetos e incluir na conversa Bianca Matarazzo Affonso Ferreira e Ivo Roza Filho, representantes dos atletas na modalidade Salto na CBH, através do seu presidente Fernando Sperb. Como houve um entendimento mútuo da necessidade de melhoria quanto ao cuidado da saúde dos atletas foi feito o convite para que eu assumisse o cargo na CBH. Apesar da correria do nosso dia a dia, aceitei encarar o desafio em nome de todos que até agora se esforçaram para que isso ocorresse e espero poder contribuir para o esporte e para o bem-estar dos nossos atletas.

Além de atuar como diretor médico da FPH você também você está envolvido em áreas esportivas. Gostaria de destacar algum ponto?

Sou formado em Medicina pela Santa Casa de SP (1994), com residência em Ortopedia e Traumatologia e especialização em cirurgia do Joelho e Ombro também lá. Na Escola Paulista de Medicina me especializei em Medicina Esportiva. Desde 2001, trabalhamos atendendo atletas profissionais das mais variadas especialidades, mas principalmente do futebol. Em eventos esportivos também fiz a Fórmula 1 por alguns anos, o Rally dos Sertões, competições de mountain bike, corrida de montanha e corrida de aventura. Muito dessa experiência com o automobilismo vai poder ser usada no hipismo. Após a infelicidade da morte do Ayrton Senna houve uma mudança enorme com a segurança e atendimento dos pilotos, com a sistematização dos procedimentos a serem adotados em caso de acidentes, e isso trouxe resultados muito positivos.

A sua especialidade, ortopedia e traumatologia, sem dúvida, é primordial no hipismo. O que pode apontar nesse sentido?

No hipismo, com certeza as lesões traumáticas são as mais comuns. Dentre essas lesões uma parte são as ortopédicas, porém as mais graves são as neurológicas. No atendimento a esse tipo de paciente, o médico deve estar familiarizado também com lesões torácicas, abdominais, circulatórias, entre outras. Normalmente os cirurgiões gerais acabam fazendo esse tipo de treinamento e são os mais acostumados a tratar o paciente politraumatizado, tendo inclusive certificação própria para isso.

A própria Federação Equestre Internacional (FEI) recomenda que em seus concursos a equipe seja habilitada dessa maneira. Não podemos ter um psiquiatra ou dermatologista atendendo nos concursos pois não faz parte da sua rotina tratar esse tipo de paciente. Além das lesões traumáticas existem aquelas mais comuns na modalidade como as da coluna vertebral. Lesões da musculatura adutora do quadril também são frequentes. Nesse sentido, vamos procurar informar aos atletas sobre o que pode ser feito para tentar preveni-las.

Como médico e também pai de amazona, a seu ver, quais os principais pontos que podem melhorar nos concursos?

Não sou um homem "do cavalo". Hoje um apaixonado pelo esporte, que comecei a acompanhar por conta da minha filha Camila. E confesso que fiquei assustado com muitas situações em que a organização do atendimento médico nos concursos não era compatível com o risco do esporte e bem aquém de outras modalidades. A altura, a velocidade, obstáculos rígidos e um animal de meia tonelada são todos fatores que podem, juntos, contribuir para lesões sérias.

Nessas situações o tempo e qualidade do atendimento inicial são a diferença entre a sequela e o reestabelecimento da função normal o mais rápido possível. Assim, a sistematização do atendimento médico é fundamental. Então o nosso papel será o de desenvolver uma diretriz para orientar os organizadores a como planejar esse atendimento. A certificação dos profissionais de Saúde (médicos e enfermeiros), os hospitais de referência para receber os pacientes em caso de remoção e todo o procedimento em caso de ocorrências graves, passando inclusive pelo trajeto da ambulância. Presenciei mais de um caso em que a saída da ambulância ficou obstruída, atrasando a sua saída. Esses são alguns dos itens que devem constar no Plano de Atendimento Médico a ser estabelecido previamente ao início do Concurso.

Além disso, hoje não temos dados sobre o número e tipo de acidentes nos Concursos. Contar com essa estatística é fundamental e pode ser um indicador usado não só pela área médica, mas também por educadores e armadores. Fizemos esse trabalho no Campeonato Paulista em 2019 e agora em 2022. Em 2019 tivemos categorias com mais de 10% de quedas e outras, como os profissionais, de menos de 3%. Em 2022 tivemos 120 quedas durante o Paulistão. Então gostaríamos de compilar os dados do maior número possível de Concursos. Infelizmente a literatura mundial tem poucos dados sobre outras modalidades equestres que não o turfe e o cross-country e isso seria fundamental para a tomada de decisões.

Você também vai abordar a questão do antidoping / substância proibidas com os cavaleiros?

Essa é uma área que ainda não discutimos. Mas provavelmente estaremos envolvidos, principalmente na informação aos atletas.

A seu ver, qual o principal desafio nessa sua nova gestão?

Acredito que em 2022 será ajudar os organizadores dos Concursos a entender e planejar o atendimento médico seguindo as diretrizes para que em 2023 isso esteja fazendo parte da rotina dos eventos. Mas, pelo que venho conversando durante esses anos passados, essa é uma vontade de atletas, organizadores, pais e responsáveis. Então, com a colaboração de todos, vamos com certeza evoluir e contribuir para o esporte.

Fique à vontade para acrescentar o que quiser.

Temos como meta para essa gestão também criar campanhas educativas em temas como concussões. E, se for possível, viabilizar, talvez utilizando de recursos de ensino à distância, cursos de primeiros socorros básico para leigos. A ideia é dar informação para que as pessoas saibam o que fazer e o que não fazer em caso de acidentes, mesmo no seu manège ou hípica, até a chegada de socorro especializado.

Imprensa CBH; imagem: acervo pessoal 

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