Foram nove dias de intensas atividades no curso de volteio, promovido pela Confederação Brasileira de Hipismo, na Sociedade Hípica Paulista, entre 20 e 28/8. Com treinamento especial para as equipes de Seniores, Juniores, atletas de base e projeto social Fazenda Educadora, além de workshop para lungers (condutores de corda dos cavalo), aliado à planejamento antecipado, o escopo foi bastante amplo. As atividades foram acompanhadas por Maria Luiza Giugni, a Malu, diretora de volteio da CBH, responsável pela organização, dando todo o apoio ao projeto.
Base da equipe Junior em flash do confraternização com Izac Araújo, Agnes Werhahn e Maria Luiza Giugni
Frente ao curso, a treinadora das equipes brasileiras, a alemã Agnes Wehrhan, que entre 2005 e 2022, contabiliza nada menos que 14 visitas ao Brasil, além de treinamentos especiais na Alemanha antes de diversas competições internacionais.Como treinadora da equipe brasileira desde 2005, Agnes Werhahn é responsável pelas maiores conquistas do Brasil em campeonatos internacionais com destaque para o 6º lugar por equipes no Mundial 2010 e 11º posto individual em 2008.
Equipe brasileira de volteio Senior reunida no curso CBH na Sociedade Hípica Paulista
Treinando atletas da Alemanha, Agnes coleciona títulos Campeonatos Mundiais como, entre outros, ouro individual em 1998, 2000 e 2002 e por equipes 1986, 1992, 1996, prata por equipes em 1994, bronze individual em 1996 e 1998. Atualmente, Agnes, radicada em Neuss na Alemanha, segue atuando como consultora nos bastidores em treinamentos, principais competições internacionais e ministra cursos para lungers.
Descontração no aquecimento das atividades do time Junior
Parte do grupo do curso se prepara o Campeonato Mundial Junior - FEI Vaulting World Championship for Young Vaulters and Juniors 2023, – na Suécia, entre 26 de 30 de julho. Em 2024, a principal competição será o Campeonato Mundial Senior - FEI Vaulting World Championship for Seniors – em Berna da Suíça, entre 15 e 21 de julho.
Volteadores do projeto social Fazenda Educadora com o treinador Izac Araújo e Agnes Werhahn
Representando as equipes brasileiras estiveram a postos Nicolas Martinez, Carolina Plihal, Clara Zerwes, Manuela Chade, Giovanna Pimentel, Francesco Orra Catalano e Valentina Melo de Moura Coutinho, categoria Senior, e Giovanna Ricardo, Manuela Santos Garcia, Helene Natalle Lejeune, Naomí Hidaka, Sophie Cambrai Martin, Sofia Crivelli Visconti, Flavia da Rocha Brito, Raquel Souza Martin, Eduarda Azevedo e Edoardo Crivelli Visconti, categoria Junior.
Agnes Werhahn e Malu Giugni nos bastidores da clínica
Em entrevista para a CBH, em 28/1, Agnes Wehrhan, abordou os principais pontos dos clínicas, objetivos e metas.
CBH. Como funcionaram os dias de treinamento e quais os próximos objetivos?
Agnes Werhahn. Aproveitamos os dias de treinamento também um pouco como forma de seleção das equipes. Havia um grupo de dez que eu novamente dividi em dois grupos para que pudéssemos nos concentrar melhor. Trabalhamos muito bem junto com os treinadores locais.
Eu trouxe da Alemanha algumas cartas/cartilhas em que são indicadas estações a serem executadas: basicamente fazer o treinamento técnico no cavalo de madeira e, ao mesmo, o atleta já se prepara o treino com exercícios de força. Assim todos ficam ocupados e conseguimos maior efetividade possível.
Dessa vez, trabalhamos com bastante antecedência, tivemos módulos especiais com as equipes Senior e Junior. Ao final, devemos ter alguns Juniores na equipe Senior. Também precisamos selecionar os seis melhores Juniores e reservas para o Mundial 2023 em julho. Em 2023, teremos o Mundial de Seniores novamente com a participação dos seis melhores e reservas.
Antes de julho, conforme planejamento com a diretoria da CBH, outros dois treinadores ao Brasil. O próximo deve ser o experiente treinador Bamdad Memarian (campeão mundial frente à equipe da Alemanha em 2018) que vai assumir outros elementos técnicos importantes. De minha parte, já falamos sobre técnica completa para os exercícios obrigatórios e esperamos que sigam em frente. Sem dúvida, dessa vez, a preparação para o Mundial está melhor porque em Herning, devido à pandemia, não foi viável.
CBH. Em 23/1, a parte da tarde foi reservada a um treinamento do projeto social Fazenda Educadora, que atua com volteio beneficente e apresentações itinerantes.
Agnes. Gostei especialmente dessa ação, fiz com muito gosto. Vou tentar conseguir sapatilhas de volteio adequadas para todos e espero que um dos próximos treinadores já possa trazê-las para o projeto. Eu acho que foi uma experiência muito especial para eles. Em casa, eu e meu irmão, nos empenhamos para incluir três crianças ucranianas refugiadas nos treinos de volteio.
CBH.
Jovem do projeto Fazenda Educadora em exercício no cavalo mecânico
O volteio também é considerado base para outras modalidades equestres. Como avalia esse diferencial?
Agnes. O volteio é base para muitos esportes, primeiramente para o desenvolvimento visiomotor e seus desdobramentos. Trabalhamos uma grande quantidade de qualidades esportivas básicas, inclusive aprender a cair, o que também é muito importante no hipismo.
Na Alemanha, praticar volteio é mais em conta do que ter um cavalo próprio e a maioria que chega ao alto rendimento continua no volteio, seja como juízes, oficiais e treinamento. Quem está com esse “vírus” dificilmente desiste.
Lungers da SHP após atividade de treinamento com Agnes Werhahn
CBH. Sem dúvida, a união em torno de um objetivo comum, é importante para o desenvolvimento da modalidade.
Agnes. Ontem à noite (27/1), tivemos um jantar maravilhoso com todos atletas e seus pais, todos estavam satisfeitos. Também recebi uma placa de agradecimento em nome da CBH, o que me alegrou muito.
Tivemos 10 atletas na primeira equipe de Juniores, oito nos Seniores e também os volteadores individuais. Foi um grupo grande dessa vez, trabalhando em total harmonia. Fico muito feliz em ver que estamos com uma nova geração de volteadores muito boa e se seguirem em frente os resultados prometem. Outros volteadores experientes como o Nicolas Martinez também voltaram e ajudam muito o grupo, além de todo o apoio e trabalho da Malu Giugni. Ao mesmo tempo, é muito importante o trabalho do treinador Izac Araújo que ao lado de outros envolvidos estiveram presentes, desde primeira hora que estive aqui. Também estiveram em nosso jantar de despedida, o Luiz Roberto Giugni (ex-presidente da CBH e do grupo 6 da FEI, Miguel Martinez, ex-diretor da modalidade, e a Tatiana Gutierrez, atual secretaria geral da CBH. Foi tudo muito especial.
Acho que o volteio - se todos trabalharem aqui no Brasil trabalharem juntos com tranquilidade - esse para mim seria o objetivo principal. Eu busco trabalhar com neutralidade e ajudar a todos. E, ao final, ontem vimos uma grande harmonia e independentemente de eu voltar ao Brasil ou não, espero sempre dar o impulso para harmonia pois assim pode haver progresso.
Imprensa CBH com imagens Agnes Werhahn e cedidas