Aproximam-se os Jogos Equestres Mundiais de Kentucky e cresce a expectativa em relação às performances dos atletas que representarão o Brasil. A equipe de Concurso Completo de Equitação (CCE) compete do dia 30/9 até 03/10, com a parte de adestramento dividida em dois dias, mais um dia para o Cross e outro para o Salto.
Vão defender o Brasil: Serguei Fofanoff / Ekus TW, Ruy Fonseca / Tom Bombadill Too, Jesper Martendal / Land Jimmy e Guto de Faria / Ritz Carlton.
Um dos mais atletas mais experiente da equipe é Serguei Fofanoff, o Guega, paulista de Ribeirão Preto, nascido em 11 de dezembro de 1968. Iniciou sua carreira como cavaleiro na ABHIR – Associação Brasileira de Hipismo Rural. Competiu no Hipismo Rural durante seis anos participando, inclusive, da famosa prova no Guarujá, cidade litorânea no Estado de São Paulo, por duas vezes.
Praticante de hipismo desde a infância, Guega mudou-se para a Inglaterra aos 15 anos e lá teve aulas com Lars Sederholm, no Waterstock House Training Center, em Oxford, referência mundial no treinamento de CCE. Em 1990, foi o único sul americano a obter índice para participar da primeira edição dos Jogos Equestres Mundiais, realizados em Estocolmo na Suécia. Foi, aos 21 anos, o cavaleiro mais jovem a participar daquela edição dos Jogos.
Um ano depois, consagrava-se como campeão sul americano. Em seguida vieram as participações nas Olimpíadas de Barcelona, Atlanta e Sydney, integrando a equipe brasileira, classificada em 6º lugar. Disputou duas edições dos Jogos Mundiais, na Suécia e Holanda, e três Jogos Panamericanos : Mar del Plata, na Argentina, onde foi ouro por equipe, Winnipeg, no Canadá, onde foi prata por equipe, e em 2007, no Rio de Janeiro, ficou em 10º lugar na disputa individual. Em 2009, arrematou seu sétimo título de campeão brasileiro de CCE.
Guega atualmente é titular da Escola de Equitação que leva seu nome e hoje conta com mais de 200 alunos. Dispõe de 60 baias, três pistas de salto e uma de cross, utilizada para a iniciação de cavalos novos e jovens cavaleiros.
Sua montaria no Mundial, o anglo árabe de 13 anos Ekus TW, compete no cenário internacional e é um animal bastante experiente. Também estão sob treinamento de Guega os seguintes animais: Barbara TW e Lino, ambos com sete anos, da raça Brasileiro de Hipismo e o puro sangue inglês Fujitsu, de oito anos.
Guega é o mais experiente dos quatro atletas convocados para integrar a equipe brasileira no Mundial de Kentucky
Confira abaixo sua entrevista.
Qual seu planejamento ideal para competições de alto nível?
Guega Começo a planejar minhas participações nas provas de alto nível com a escolha dos cavalos, entre três e quatro anos antes. Avalio a conformação e atitude dos cavalos novos para constatar se eles reúnem as qualidades para obter um bom desempenho neste nível de competição. Considero de suma importância a participação em provas de salto e adestramento, além, claro, das de CCE. Três a quatro meses antes da competição específica, intensifico meus treinamentos.
Como é o treinamento para as competições ?
Guega A meu ver competições de salto e adestramento ajudam muito. Quanto mais provas, melhor a preparação. Procuro sempre alternar os níveis das competições, mais fortes e mais fracas, para que os cavalos não se assustem e solidifiquem a sua confiança. No caso do Ekus, faço um treinamento que visa o fôlego duas vezes por semana, uma ao trote e outra ao galope. Também trabalho forte o adestramento duas vezes na semana. Nos outros dias,ou ele caminha ou participa das provas.
Qual o manejo dos seus cavalos ?
Guega Meus cavalos ficam soltos todos os dias, às vezes, até o dia inteiro. Olho diariamente os tendões para verificar a temperatura ou se há alguma anomalia. Meu manejo básico é ração de boa qualidade e, no caso do Ekus que tem dificuldade em engordar, feno à vontade, além de suplementos vitamínicos. Como a minha região tem o clima muito quente, também utilizo eletrolíticos.
Como você avalia a contratação pela CBH do britânico Nick Turner como técnico da equipe brasileira?
Guega Quero parabenizar a Confederação Brasileira de Hipismo pela iniciativa! Finalmente essa ação foi realizada. A contratação de um técnico do nível do Nick é importantíssima para nós. Para se ter uma idéia, há 20 anos participei no primeiro Mundial sem ninguém que me auxiliasse nem nas coisas mais simples, nem nas mais complexas... Nesses 20 anos que se passaram, tivemos que sair do país para buscar aperfeiçoamento. Hoje já temos cavaleiros com muita bagagem internacional, como o Guto de Faria e eu mesmo, para orientar o pessoal mais novo. O caminho das pedras fica mais fácil para essas novas gerações. Nada cai do céu.
O comprometimento e a seriedade nos treinamentos são importantíssimos. Seguindo esse conselho e aprendendo com os mais experientes os caminhos para chegar ao topo ficam menores e melhores. O Nick Turner tem contrato com a CBH até as Olimpíadas de Londres, em 2012. Espero que ele fique conosco até as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Nesse intervalo, podemos formar novos e melhores conjuntos.
Quais são as suas expectativas quanto a equipe brasileira nos Jogos Equestres Mundiais?
Guega Temos como melhor resultado em competições internacionais um 6º posto na Olimpíada de Sidney. Ficar entre os cinco primeiros e garantir antecipadamente a vaga para as Olimpíadas de Londres em 2012, seria excepcional.
E para os Jogos Panamericanos ano que vem no México ?
Guega Aí é com o Nick! (risos ) Acredito que ele deve mesclar conjuntos mais velhos com novos e promissores talentos também para Londres, em 2012.
Fonte: Horsecross, por Karen Tatiana Rodrigues: empresária e amazona, membro do Comitê de Assessoria de CCE na gestão CBH 2009/2012, Presidente do Conselho Deliberativo da ABHIR 2009/2010