Em 27 de julho, o time Brasil de Young Riders conquistou o 6º posto no FEI World Endurance Championship for Young Riders e Juniors. A disputa em Tarbes, na França, foi marcada por muito calor por volta dos 30ºC e alta umidade. Dos 92 jovens no gride de largada 50 terminaram a difícil trilha de 120 km disputada em quatro anéis.
União faz a força
Honraram as cores do Brasil Rodrigo Moreira Barreto com Karamel Mouthes, Rodrigo Beneplácito com Luna Cathare, Gabriela Carvalho Moreira de Abreu com Nimbus Loubejac que cruzaram a linha de chegada, respectivamente, em 24º - 7h06min12s, 26º - 7h07min49s, e 37º lugar - 7h43min, concluindo o percurso com o tempo final de 21h57min01s. Pedro Liberal Lins saiu no segundo anel devido a um problema metabólico de seu cavalo Urso da Ameira e Mariana Amaral Neves com Maghreb Mouthes também não completou a prova saindo no primeiro anel.
Nata jovem de Enduro com o técnico francês Jean Louis Leclerc e a chefe de equipe Elizabeth van Schelle
Ao todo somente sete equipes conseguiram terminar com três integrantes definindo o placar. A vitória por equipes ficou com a equipe da França com o tempo final (soma dos três concorrentes) de 19h44min49s. A Bélgica foi prata, 20h40m22 e o bronze ficou com a Espanha, 20h50min32s.
O time Brasil completo
Roman Lafaure com Petra Cabirat, Morgane Lafaure com Rhial Cabirat e Robin Cornely com Rusty ; imagem: Barbara Miller/FEI
Na disputa individual o ouro foi para o jovem Kalifa Ali Khalfan Al Jahouri montando com Niac Armo, pelos Emirados Árabes Unidos, completando o percurso de 120 km em 6 horas e 34 segundos, com velocidade média de 19,969 km/h. Marijke Visser com Eomer foi prata pela Holanda, 6h13min05s. Enquanto o bronze ficou com Erin Krahnen no dorso de Emily Jones TE, 06h21min10s, pela Austrália.
Al Jahouri Khalifa Ali Khalif, ouro, Marijke Visser, prata, e Erin Krahnen, bronze; imagem:Barbara Miller/FEI
Até hoje, nas sete edições do Mundial, o Brasil emplacou em todas: 2001 - 7º lugar, 2003 - 4º lugar, 2005 - 3º lugar, 2007 - 4º lugar, 2009 - 5º lugar, 2011 - 6º lugar, 2013 - 6º lugar. A equipe brasileira teve acompanhamento do técnico francês Jean Louis Leclerc e a chefe de equipe Elizabeth van Schelle.
Mariana Neves, Rodrigo Barreto, Rodrigo Beneplacito e Gabriela Abreu
Todos os brasileiros competiram com cavalos emprestados, uma vez que devido ao fechamento das fronteiras do Brasil para Europa, devido ao mormo, os cavalos dos competidores brasileiros foram alugados na Europa.
A nova geração fez bonito
Homenagens
Desfile das Nações
Veja a seguir, uma pequena entrevista com os integrantes da equipe brasileira. Perfil dos jovens talentos - clique aqui.
Rodrigo Moreira Barreto - 17 anos, 04/01/1996, Brasília-DF
Qual a idade do seu cavalo Karamel Mouthes e como foi a sua adaptação?
Karamel é um cavalo de 11 anos com o temperamento muito tranquilo e não tive muitas dificuldades na adaptação, porém era um cavalo muito grande e eu tive que tomar muito cuidado na trilha para fazer as curvas corretamente e manter bastante contato durante todo o percurso para que ele não se tocasse ou tropeçasse.
Qual foi a sua principal dificuldade durante a trilha?
Minha principal dificuldade foi no último anel quando o cavalo cansou e parou nos últimos 2 km. Vi a equipe da França , do Catar e da Malasia passando por mim. Tive que descer do cavalo e puxá-lo correndo até chegar ao final.
Chegar em 24º lugar foi uma importante conquista. Você ficou satisfeito? Por favor faça um balanço da sua atuação.
Não fiquei satisfeito, pois se você está em um esporte e quer continuar aumentando o seu nível, sempre há algo a melhorar. Meu objetivo é ser top ten no Mundial, ainda há muito a ser trabalhdo e mudado.
Você gostou do Mundial? O que você mais gostou (ponto positivo)? A seu ver teve algum ponto negativo?
Foi uma ótima experiencia. O que eu mais gostei foi de ver a França, a melhor equipe do mundo, trabalhando. Eles são incríveis, seus cavalos muito bem trabalhados e há muita sincronia. O ponto negativo do Mundial foi a falta de organizaçao da prova mas, ao final, tudo correu bem.
Qual a sua próxima meta?
Quero ser Campeão Brasileiro de 160 km.
Gostaria de deixar uma mensagem ou agradecimento?
Gostaria de agradecer ao meu pai, que faz de tudo e mais um pouco para me ajudar a crescer no esporte, ao meu irmão, sem sua experiencia em treinamentos de cavalos eu não estaria aonde estou e a minha familia, por estar me apoiando em todos os momentos. Também agradeço a família Le Bihan, dona do Karamel Mouthes, que trabalhou intensamente para que tudo ocorresse perfeitamente na competição.
Rodrigo Azzari Beneplacito - 17 anos, 23/04/1996 - São Paulo
Qual a idade da sua montaria Luna Cathare e como foi a sua adaptação?
Luna Cathare é uma égua puro sangue árabe, tordilha de 11 anos. Como fui em maio deste ano fazer o Campeonato Francês com égua, não tive dificuldades de me adaptar com ela no Mundial.
Qual foi a sua principal dificuldade durante a trilha?
A prova teve uma largada muito forte e dosar a velocidade da égua no primeiro anel foi o maior desafio.
Chegar em 26º lugar foi uma importante conquista. Você ficou satisfeito? Por favor faça um balanço da sua atuação.
Levando em conta o nível dos cavalos na prova, fiquei contente com minha colocação. Acho que tive uma boa participação, pois consegui controlar a Luna no primeiro anel, mantendo a velocidade no segundo e terceiro, para ter cavalo para o anel final e consegui terminar a prova com velocidade acima de 19,00 km/h.
Você gostou do Mundial ? O que você mais gostou (ponto positivo)? A seu ver teve algum ponto negativo?
Gostei muito de poder participar e terminar a prova do Mundial. Foi uma corrida espetacular, com jovens do mundo inteiro, foi uma experiencia única na minha vida esportiva. Poder viajar e representar o Brasil junto com meus amigos foi muito legal.
Qual a importância do 6º lugar por equipes?
Foi uma prova muito difícil, pelo calor que fez, muitos paíes não conseguiram terminar. Mostramos que o Brasil sempre está entre os melhores.
Qual a sua próxima meta?
Participar do campeonato Pan-americano em setembro no Uruguai.
Gostaria de deixar uma mensagem ou agradecimento?
Eu gostaria de agradecer a Elizabete e o Jean Louis, pela atenção com a nossa equipe, sempre procurando o melhor para nós. Também gostaria de dar um agradecimento especial a equipe Chavardes, proprietários de Luna Catahare, por todo carinho e atenção que nos deram nesse Mundial.
Gabriela Carvalho Moreira de Abreu, 17 anos, 2 de março de 1996, Belo Horizonte - MG
Qual a idade da sua montaria Nimbus Loubejac?
O Nimbus tem 12 anos.
Qual foi a sua principal dificuldade durante a trilha?
Minha principal dificuldade na trilha foi o calor. Estava muito quente e úmido o que aumentava ainda mais a sensação térmica.
Chegar em 37º lugar foi uma importante conquista. Você ficou satisfeita? Por favor faça um balanço da sua atuação.
Para mim terminar o Mundial foi uma conquista. Achei ótimo o resultado mas, claro, sempre pode ser melhor.
Você gostou do Mundial ? O que você mais gostou (ponto positivo)? A seu ver teve algum ponto negativo?
Gostei muito de correr o Mundial, é uma experiencia incrível. O ponto positivo foi estar correndo com os melhores young riders do mundo. E o ponto negativo, na minha opinião, foi a estrutura da prova que não estava boa o suficiente para um Mundial.
Qual a importância do 6º lugar por equipes?
Chegar em 6º por equipe foi uma conquista maravilhosa, resultado de uma ótima prova feita por todos os brasileiros. Isso mostrou para todos que o Brasil é muito forte, tem grande potencial e mesmo com cavalos alugados podemos ir longe.
Qual a sua próxima meta?
Minha próxima meta é ir superando sempre os meus resultados e vencer sempre os desafios que o enduro me proporciona.
Gostaria de deixar uma mensagem ou agradecimento?
Gostaria de agradecer a toda a equipe brasileira, pais e amigos. Quero agradecer também a todos os young riders pela ótima companhia e os ótimos momentos que passamos juntos. Um agradecimento especial aos meus pais e família, ao meu técnico e aos treinadores do meu cavalo por estarem sempre me ajudando e apoiando.
Mariana Neves, 19 anos, 28 de janeiro de 1994, Belo Horizonte - FHMG
Qual a idade do seu cavalo Maghreb Mouthes e como foi a sua adaptação?
Maghreb tem 12 anos, e apesar de ser manso, ele é bem arisco e puxou bastante no primeiro anel, prinicipalmente depois que o Karamel Mouthes (montado pelo Rodrigo Barreto) perdeu a ferradura e os dois tiveram que se separar na trilha.
O seu cavalo teve um problema metabólico no primeiro anel. Por favor explique como isso aconteceu e a que normalmente se deve isso.
Na chegada do primeiro anel o batimento cardiaco dele não baixou. Isso não é muito comum de acontecer no primeiro anel e acreditamos que ele tenha tido algum problema antes da prova. Reparamos depois da desclassificação que ele não tinha se alimentado direito durante a noite e que também tinha tomado pouca água. Os veterinérios de linha acreditam que ele teve princípio de miosite, mas como foi diagnosticada no início pode ser tratado e não teve nenhuma complicação.
Competir em um Mundial e integrar a equipe brasileira é sempre uma importante experiência. Por favor um balanço da sua participação.
A equipe estava muito integrada e a viagem foi muito divertida. Depois da desclassificação eu fiquei muito triste e decepcionada, mas essas situações fazem parte do esporte e todos já passaram por ela. A verdade é que apesar de não estar mais correndo eu ainda fazia parte da equipe e quis ajudar o maximo que podia. Fiquei no vet check ajudando a resfriar os cavalos que estavam chegando.
Indepentemente do seu resultado você gostou do Mundial ? O que você mais gostou (ponto positivo)? A seu ver teve algum ponto negativo ?
Participar de um Mundial é sempre muito bom e a experiencia é unica, independente do resultado. Claro que esperavamos um resultado diferente, mas a viagem foi ótima e sem arrependimentos. Conheci pessoas maravilhosas, assim como no Mundial de 2011 e me aproximei ainda mais dos outros cavaleiros integrantes da equipe, esse foi um ponto muito importante para mim. Organizar um evento desse tamanho é muito complicado e alguma coisa sempre vai deixar a desejar. Dessa vez, na minha opiniao, foram os banheiros. Eram poucos e bem precários.
Importância do 6º lugar por equipes?
O objetivo principal era a qualificação por equipes, então o sexto lugar foi excelente, ainda mais se levarmos em conta que todos os cavalos eram alugados e que montar um cavalo que você não conhece é sempre complicado. Ao meu ver, a equipe toda, principalmente, os três cavaleiros que terminaram estão de parabéns.
Qual a sua próxima meta?
Esse ano temos ainda o Pan-americano, que ainda não sabemos se estamos na equipe, mas que é uma meta importante, principalmente porque para essa prova poderemos levar nossos cavalos. No ano que vem, tem os Jogos Equestres Mundiais e uma participação sempre foi um sonho. Para isso, vamos começar o processo de qualificação dos 160 km esse ano ainda.
Gostaria de deixar uma mensagem ou agradecimento?
Queria agradecer a nossa chefe de equipe, Elizabeth, e ao veterinário da nossa equipe, que foram excepcionais, resolvendo um milhão de probleminhas com a organização da prova. Conseguimos um box muito bom na "grooming area" e a equipe estava sempre muito elegante.
Mas, principalmente, gostaria de agradecer a minha equipe de apoio: meus pais, Rubia Amaral e Nuno Neves, meu irmão, Bernardo Neves, meu técnico e veterinário, Paulo Zandavalli, meu treinador, Dinho, a dona Haras Lorien, Ivonn Argimon, por tornarem toda essa jornada possível e por fazerem de tudo para realizar meus sonhos.
Fonte: CBH - fotos: :Lulu Abreu / cedidas e Barbara Miller/FEI