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O adestramento, uma das três modalidades olímpicas do hipismo e considerada base de todas, vem em contínua evolução no país e recentemente a Federação Equestre Internacional fez importantes alterações no regulamento.  Em ano de Jogos Equestres Mundiais, que chegam a sua 8ª edição entre 11 e 23 de setembro, em Tryon, na Carolina do Norte (EUA), o desafio do adestramento brasileiro é competir com uma boa equipe e trabalhar para que os integrantes do Time Brasil cheguem aos 70% de aproveitamento.  Para falar um pouco do cenário, regulamentos, iniciativas de fomento e metas na temporada, Sandra Smith de Oliveira Martins,  diretora de Adestramento da Confederação Brasileira de Hipismo e recém promovido a juíza internacional 4*, concedeu uma esclarecedora entrevista. Confira!

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Sandra Smith de Oliveira Martins, diretora da CBH e juiza internacional, com seu marido Duilio Martins, em flash no Prêmio Hipismo Brasil 2016 

No final de 2017 a Federação Equestre Internacional fez importantes alterações nas reprises e regulamento.  Já a CBH também utiliza reprises da Federação Americana. Poderia comentar os principais por favor?

Sandra Smith de Oliveira Martins. Foram retirados os graus de conjunto para andadura, impulsão e submissão e deixando apenas a nota para posição do cavaleiro e uso das ajudas. Obviamente nós cumprimos a mudança estipulada pela FEI e seguimos o mesmo critério. Outro ponto importante é novo critério para dedução erros: para Cavalos Novos, Pônei, Children e Junior é deduzido 0.5% no primeiro erro e 1% no segundo erro. O terceiro erro leva a eliminação. Nas reprises para Young Riders e Senior a regra estipula a dedução de 2% no primeiro erro e eliminação no segundo. 

Sempre que reprise FEI for montada em competição, mesmo em um Concurso Nacional, as determinações da FEI devem ser seguidas, tanto com relação às notas de conjunto com quanto à dedução de erros.Por sua vez, para as reprises CBH – lembrando que compramos o direito de uso das mesmas da Federação Americana - devem ser seguidas as determinações da entidade Americana e, portanto, permanecem as notas de conjunto e as deduções de erro para todas as provas é, ou seja: – 2 pontos no primeiro erro, -  4 pontos no segundo erro e eliminação no terceiro erro.

Muitas pessoas me perguntam sobre a decisão de retirada das notas de conjunto nas reprises FEI. A nós cabe apenas cumprir, mas se alguém me pedisse para retirar apenas um dos quatro graus, eu teria deixado andadura, impulsão e submissão descartadando a nota do cavaleiro. A andadura é importante pois para o adestramento o ritmo correto e a regularidade são primordiais. Há uma série de pequenos detalhes que são levados em consideração pelos juízes para a nota da impulsão, como o engajamento e a descontração do dorso. Para mim a nota da submissão é a mais importante e a que mais sinto falta, pois problemas com a boca, colocação do pescoço e nas encurvaturas se refletiam nela.

Com relação à nota do cavaleiro já há uma proposta para que seja mudado para uma nota de impressão geral da apresentação, o que me parece mais apropriado.

Qual a principal mudança no Regulamento de Adestramento CBH na temporada 2018? 

Sandra. Acredito que uma das iniciativas mais importantes seja a “chamada” para provas de nível Forte II - São Jorge e Intermediaria I / Kür - e Série Especial Inter A, B, II, GP e GPS -  junto com a programação dos Concursos Nacionais de Adestramento, mesmo quando acontece um Internacional concomitantemente. 

No ano passado percebemos que novos conjuntos estavam aparecendo e não fazia sentido que competissem diretamente num internacional. Então para este ano resolvemos abrir essas categorias também a nível nacional, pois é importante dar a oportunidade aos cavalos e cavaleiros mais novos de pegar know how e experiência sem competir diretamente com os conjuntos já confirmados que disputam vagas nas equipes de alto rendimento.

Ao final da temporada 2017, você também passou a integrar o seleto grupo de juízes 4* da FEI. Qual a importância dessa promoção? 

Sandra. Realmente foi muito importante ir até a Rússia e prestar esse exame. As diretoras de curso - Katrin Wüst e a Mariette Whitages - são extremamente exigentes e foi uma honra poder participar e ser aprovada.  Vale lembrar que devido aos jogos Sul Americanos, Centro Americanos, WEG, e final da Copa do Mundo há muitos eventos e já pude julgar meu primeiro CDI-W nos Estados Unidos. Foi uma experiência fantástica!

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Sandra em flash com o grupo de participantes do Curso FEI para promoção de de juizes internacionais em Moscou 

Acho que ter uma juíza experiente na diretoria da CBH ajuda no sentido de estar atualizada e acompanhando muito de perto tudo o que acontece. Mas na realidade procuro sempre ouvir minha voz como amazonas internacional (experiência de dois Pan-americanos e vários Sul americanos), as estratégias de treinamento e competição e experiência de viagens. Conheço as dificuldades que os cavaleiros passam, assim como toda a estrutura de tratador, veterinário, família....

Busco me colocar no lugar dos outros e não julgar ninguém, apenas avaliar resultados. Acredito que minha parte é oferecer a melhor estrutura técnica para que todos possam mostrar com tranquilidade e de forma justa seu trabalho e evolução. Mediante os diversos compromissos e responsabilidades de ordem pessoal, CBH e juíza para dar conta de tudo você tem que amar o que faz. 

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Sandra em ação com Geronomio, com o qual defendeu  a Argentina no Pan de Winnipeg 1999

São muitas as tarefas que aparecem como organização de cursos, atualização de quadros de juízes, tudo que envolve a organização de concursos, tradução de reprises, atualização de regulamentos, contato com os diretores de Federações e clubes dos diferentes Estados, busca de novos talentos e assim por diante. Meu livro de cabeceira é o regulamento FEI e CBH. É “full time job”. Ano que vem devem mudar todas as provas americanas ... (já estou de cabelos em pé rs.. ).

Estamos em ano de Jogos Equestres Mundiais – World Equestrian Games (WEG). Como estão a agenda internacional no Brasil e atividades dos nossos cavaleiros no Exterior? 

Sandra. No final de abril, entre os dias 26 e 29, no Centro Hípico de Tatui no interior paulista teremos o primeiro CDI deste ano e entre 5e 8 julho, na Hípica Paulista, o segundo. Esses dois eventos servirão como observatórias e qualificativas técnicas em solo brasileiro (assim como os eventos do ano passado) para formação de equipes. Espero ver uma boa evolução dos conjuntos e também novas participações a nível nacional e internacional.  O evento de abril será junto com o IRDM – International Riding & Dressage Meeting com várias palestras, muitas provas, leilão, é sempre um evento marcante.

Os dois concursos internacionais acima citados são observatórios para formação da equipe WEG e Sul Americano, poderemos ter outros se aparecerem mais patrocínios, mas estes dois estão confirmados. O Brasil precisa acreditar, pois nossos cavaleiros têm condição técnica de alcançar índices de 70% e acima, tanto no small tour como no Big tour, essa é a meta.

Atualmente temos três conjuntos com dois índices para o Mundial: João Vitor Marcari Oliva e  Xamã, Giovana Pass e Zingaro, Leandro Silva e Di Caprio. Outros cavaleiros estão na dispusta para conseguir esses índices e têm boas chances de alcançar seus objetivos.

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Sandra com João Victor Oliva, nos bastidores da Rio 2016

Há diversos cavaleiros competindo na Europa e tentando a classificação por lá, conforme o processo observatório prevê cumprindo todas as exigências com relação ao envio de resultados e documentação. Um dos destaques é Rodolpho Riskalla.  Ele vem competindo tanto nas provas de Adestramento no Small Tour, buscando uma vaga na equipe do Sul americano como no Adestramento Paraequester buscando vaga nos WEG. O desempenho do Rodolpho com seu cavalo tem sido muito bom e certamente é um conjunto a se considerar.

João Vitor Oliva no Big Tour e Giovanna Pass no Small Tour também têm trazido bons resultados. Tanto Giovanna como João estão com cavalos novos, além de seus cavalos principais. Essa estratégia é a melhor e mais importante para um atleta que quer estar sempre em altas competições: investir em cavalos talentosos que possam em curto / médio espaço de tempo substituir ou melhorar as marcas de seus cavalos principais.

Alguns jovens talentos também estão tentando se adaptar aos treinos europeus e se firmar nas competições internacionais. Tenho acompanhado o trabalho deles com seu treinador Johan Zagers. Vale lembrar que a treinadora da equipe Mariette Whitages acompanha de perto todas as participações brasileiras, seja no exterior ou no país.  Muitas vezes ela não está presente, especialmente no Brasil, mas recebe toda a informação para avaliação.

Interatividade e mesas redondas são sempre importantes. Poderia comentar? 

Sandra. No ano passado organizamos uma mesa redonda de oficiais, com abertura de sugestões por e-mail dos atletas. A mesa redonda foi muito produtiva e a partir dela surgiram alguns dos ajustes do Regulamento e organização de eventos. Eu acredito que é importante que as pessoas leiam e estudem o regulamento, pois ele oferece oportunidades que muitas vezes não são exploradas pelos competidores e os profissionais. 

Por exemplo: a possibilidade de um mesmo cavalo competir em duas categorias diferentes no mesmo dia (desde que uma delas seja a Iniciante ou Elementar). Continuamos com a flexibilização do uniforme e embocaduras para as séries mais baixas. Tudo isso busca fomentar o esporte e trazer mais adeptos para as pistas. Já no ano passado incluímos no programa das provas nacionais uma chamada para prova extra no domingo para Freestyle das categorias preliminar, média I e II e Forte I. Em 2018 continuaremos abrindo essa chamada extra e incentivar os conjuntos a se apresentar nas provas musicais.

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Sandra em cerimônia de premiação na Hípica Paulista com a amazona olímpica do Brasil Giovana Pass e um de seus cavalos novos  

Gostaria de deixar uma mensagem final? 

Sandra. Aqui no Brasil também teremos novos cavaleiros nas séries internacionais e outros mais experientes com novos cavalos, ótimo para o esporte e ótimo para a modalidade. Estamos ansiosos para que a temporada Nacional e Internacional do Adestramento comece aqui no Brasil neste 2018. Nosso grito de guerra? Brasil em busca dos 70%.

Desde 2013 os valores de inscrição para o CAN são os mesmos e existe o incentivo da CBH para as categorias da preliminar para baixo com relação ao selo no passaporte. É muito importante que os cavaleiros participem das provas nacionais, aumentando nossa base. Precisamos urgentemente aumentar a quantidade de participações nas categorias Cavalos Novos, Pônei,  Mini Mirim, Mirim, Junior e Young Rider que representam a renovação do esporte. Assim como é importante a renovação de cavalos no alto rendimento. 

 

Fonte: Imprensa CBH com imagens de arquivo

 

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