Competindo com somente dois conjuntos - Carlos Parro com Goliath, 33º, e Marcio Appel e Iberon JMen - que integrou a equipe no Salto, o Time Brasil finalizou em 12º. Austrália, prata por equipes, tem Nelson Pessoa, o Neco, como treinador de Salto. Australiano Andrew Hoy, 62, dono de oito medalhas olímpicas, foi bronze.
Nessa segunda-feira, 2/8, após a 3ª fase do Salto, saiu a definição do pódio por equipes e individual do Concurso Completo de Equitação. O Time Brasil virou em 11º lugar após o Salto e no Cross Country, realizado no domingo, 1/8, somente dois dos três conjuntos concluíram o percurso: Marcelo Tosi com Glenfly, com -8,80 pontos perdidos, então 24º colocado, e Carlos Parro, o Cacá, com Goliath, que cruzou a linha de chegada com -22,80 pontos, 33º, ambos sem faltas nos obstáculos, mas ultrapassando o tempo concedido de 7min43s. Rafael Losano desistiu na reta final da chegada do cross, uma vez que sua égua Fuiloda G cansou demais durante o percurso e o intenso calor e humidade em Tóquio.
Carlos Parro, o Cacá, com Goliath no cross country
Marcelo Tosi com seu craque Glenfly
Na inspeção veterinária após o cross e antecedendo o Salto, Fuiloda G não se apresentou, bem como Glenfly, que perdeu uma ferradura no cross country e conforme relato de seu experiente cavaleiro Tosi estava dolorida demais para retornar no Salto.
Rafael Losano com Fuiloda G na primeira parte do cross country em Tóquio
Assim Marcio Appel com Iberon JMen, um Brasileiro de Hipismo de 18 anos, conjunto alternativo / reserva, garantiu sua participação no Salto fechando com apenas uma falta na entrada do duplo nº 7 antepenúltimo obstáculo, totalizando 4,40 pontos perdidos. Marcio que também competiu com Iberon JMen na Rio 2016 anunciou a aposentadoria de seu craque após os Jogos.
Marcio Appel e seu Iberon JMen em bela apresentação em Toquio 2020, a segunda participação olímpica seguida
Já Cacá e Goliath também cometeram uma falta na entrada do mesmo duplo (-4 pontos) dentro do tempo e totalizando - 62,90 pontos fecharam a competição no 33º posto individual entre um total de 63 conjuntos.
Carlos Parro, o Cacá, e Goliath em salto perfeito garantindo a 33ª colocação em Tóquio 2020, melhor resultado do Time Brasil de Concurso Completo Equitação
Brasileiros com a palavra
Marcio Appel, 42, que entrou de última hora, devido ao problema veterinários dos outros cavalos, estava satisfeito e muito emocionado com sua participação, especialmente porque agora vai aposentar Iberon JMen, que completa 19 anos em outubro. "Claro que a gente queria que a equipe tivesse melhor, tivemos os problemas veterinários que fogem um pouco do nosso alcance. Se o Rafael tivesse terminado, mesmo com a saída do Tosi, talvez a gente brigasse não por medalhas, mas uma posição melhor que no Rio de Janeiro. Mas meu cavalo merecia isso, mostra que com essa idade e energia: ele gosta de competir. Foi a despedida perfeita para ele das pistas e eu estou muito feliz em poder proporcionar isso e foi uma linda apresentação. O Iberon é o único BH nessa Olimpíada. Dos 200 cavalos na Rio 2016 que estão aqui só 14 estao aqui em Tóquio, isso realmente foge aos paradigmas. Acho também é uma prova o que eu - um cavaleiro amador que não mora na Europa e monta um BH - que todos nós podemos ir atrás de nossos sonhos", destacou Marcio.
Missão cumprida para Iberon JMen, BH de 18 anos, montaria de Marcio Appel, que agora terá sua merecida aposentadoria
"Agora vou voltar para casa e fazer um novo plano e realmente brigar por medalha. Eu tenho dois cavalos mais jovens, mas vou precisar realmente de mais cavalos para reforçar a equipe. Acho que a pandemia atrapalhou nossos treinos. Outros times têm estruturas mais robustas, mas dentro da nossa possibilidade conseguimos dar o nosso melhor. Foi uma bola na trave o Rafa não ter terminado, faz parte do esporte. Queria fazer um bom papel e acho que consegui", finalizou o empresário paulista, de 42 anos.
Carlos Parro, 42, reforçou a necessidade de um bom planejamento no próximo ciclo olímpico. "A gente precisa de mais conjuntos, mais cavalos e ter uma equipe mais forte. Meu cavalo Goliath, sela holandês de 10 anos, sempre foi muito bom no salto. Para mim virou uma coisa individual, o importante é que depois do cross ele saltou muito bem. Como falei depois do cross, o Goliath é um cavalo para o futuro e acho que pode realmente ser muito bom. Problemas veterinários são coisas do esporte. A gente precisa de um planejamento melhor para próxima Olimpíada. Agora temos o Mundial em 2022, Pan-americano em 2023 e depois a Olimpíada de Paris, acredito que o Goliath tem condições de entrar nessas equipes e fazer um bom resultado."
Cacá e seu Goliath: agora a caminho de mais um ciclo olímpico
Em entrevista após o cross, Rafael, 23, destacou a necessidade de preservar sua égua Fuiloda G, de 11 anos. "A égua começou bem e na reta final acabou estamina da égua. Tive que parar. Faz parte do jogo, tentei o mais rápido. Eu sabia que seria duro, essas coisas acontecem com os melhores do mundo. No português claro: acabou a gasolina", comentou Rafael, radicado na Inglaterra.
Marcelo, 52, primeiro brasileiro no cross, estava safisfeito após a prova. "Meu cavalo se portou bem no cross, foi muito bom. O calor pegou um pouco, eu também senti o calor, não é desculpa", disse Marcelo após o cross, ainda sem saber que teria que abdicar do salto. Na hora da inspeção veterinária, Marcelo informou: " O Glenfly perdeu uma ferradura depois do 9B e ficou muito dolorido após o cross country. Hoje a melhora não foi suficiente para apresentarmos ele na visita veterinaria e fazer o salto com a mínima condição de poder saltar o percurso. Gostaria de agradecer a torcida de todos que nos apoiaram e toda a equipe que esteve junta nas Olimpíadas de Tokyo 2020. Me desculpem por desfalcar a equipe de hipismo completo do Brasil. Obrigado Genfly!" Genfly é um puro sangue inglês de 16 anos.
Pódios por equipes e individual
A Grã Bretanha - Tom McEven / Toledo de Kerser, Laura Collet / London 52 e Oliver Townde / Ballghmor Class foi ouro com somente -86,30 pontos. A Áustralia - Kevin McNab / Don Quidam
Shane Rose / Virgil e Andrew Hoy / Vassily de Lassos foi prata, -100,2 pontos e a França, bronze, 101,4 pontos. Vale destacar que Nelson Pessoa Filho, o Neco, pai do campeão olímpico Rodrigo Pessoa integrante do Time Brasil de Salto, é o treinador de salto da equipe australiana, deixando uma "marquinha brasileira" no pódio das equipes. Em 1964, Neco foi o único representante brasileiro no Time Brasil de Salto, em Tóquio.
Na disputa individual - reservada aos Top 25 - o show ficou por conta da alemã Julia Krajewski, 33 anos, que montando Amande de B´Neville conquistou ouro com totalizando - 26 pontos: Adestramento - 25,20 pontos, cross - 40 pontos, Salto - 1ª passagem 0 e 2ª passagem 0.40 pontos. O britânico Tom McEven comm Toledo de Kerser garantiu prata -29,30 pontos e o top australiano Andrew Hoy, de 61 anos, campeão olímpico individual em Sydney 2020, garantiu sua oitava medalha olímpico conquistando bronze, - 31,90 pontos.
Julia Krajewski com Amande de B´Neville, da Alemanha, 1ª campeã olímpica individual na história da modalidade
Pódio Equipes
Ouro Grã Bretanha - 86,30 pontos
Prata Australia - 100,20 pontos
Bronze França - 101,50 pontos
12º Brazil - 463,60 pontos
Carlos Parro / Goliath - 36,10 pontos - Adestramento, - 22,80 pontos (Cross). - 4 pontos - Salto
Marcio Appel / Iberon JMen - 4,40 pontos no Salto
Marcelo Tosi / Glenfly (não participou Salto)
Rafael Losano / Fuiloda G (desistiu cross)
Pódio Individual
Julia Krajewski / Amande de B´Neville no merecido galope de ouro
Ouro Julia Krajewski / Amande de B´Neville - ALE 26 pontos
Prata Tom McEven / Toledo de Kerser GBR -29,30 pontos
Bronze Andrew Hoy / Vassily de Larssos -AUS -31,90 pontos
Imprensa CBH Carola May e Rute Araújo, colaboração entrevistas Revista Horse - Marcelo Mastrubuono; img: Luis Ruas / Hipismo Brasil