Entre 20 e 22 de setembro, a Federação Equestre do Estado do Rio de Janeiro, presidida pelo cavaleiro e empresário Rodolpho Figueira de Mello, organizou os Jogos Equestres Fluminenses realizando, pela primeira vez, a disputa de quatro modalidades em só evento no país: Salto, Adestramento, Enduro e Rédeas. Agora em novembro, três concursos movimentam o hipismo no Rio de Janeiro: entre 14 e 17/11 com o Brasileiro Senior Top e Aniversário da Sociedade Hípica Brasileira, que nas duas semanas seguintes recebe, entre 14 e 17/11, o Internacional do Rio de Janeiro, e finalmente, o Campeonato Brasileiro Senior e Masters, de 29/11 a 1/12.
O hipismo no Rio de Janeiro, fazendo jus a sua tradição e destaque no cenário nacional e internacional, está investimento no crescimento e popularização da modalidade bem como em projetos com amparo nas Leis de Incentivo Federal e Estadual. Confira a seguir a entrevista com Rodolfo Figueira de Mello.
Como nasceu a idéia dos Jogos Equestres Fluminenses ?
É uma idéia, do início de nossa gestão, realizada timidamente na Hípica, no final de 2012 quando promovemos provas de salto, rédeas e adestramento e premiamos o Ranking 2012 e agora, em 2013, no Condomínio Herdade das Palmas, em Engenheiro Paulo de Frontin a 100 km do Rio, com a entrada da modalidade Enduro tivemos quatro modalidades.
Nos inspiramos nos Jogos Equestres Mundiais por três razões. A primeira, porque o universo do cavalo de esporte é amplo, porém diversificado e não há, pelo menos no Brasil, nenhum evento equestre com realização simultânea de competições mostrando essa diversidade. Trata-se de uma oportunidade para que cavaleiros e proprietários de animais das várias modalidades se encontrem, discutam, troquem experiências, propostas e idéias de patrocínios.
O Condomínio Herdade das Palmas: palco para a 1ª edição dos Jogos Equestres Fluminenses
A segunda razão é porque há segmentos na Indústria do Cavalo – fábricas de ferraduras, produtos veterinários, rações e assim por diante – com presença tímida no patrocínio de eventos hípicos direcionados a uma única modalidade, ao contrário do que acontece nos EUA e Europa, onde há grandes sponsors nesses segmentos. Um exemplo é patrocínido da Altech nos Jogos Equestres Mundiasi.
A terceira, porque estamos no Quadriênio olímpico e essa ‘foto grande angular’ do esporte equestre certamente vai contribuir para que muitos dos espectadores que estiveram em Palmas - levados pela curiosidade e pela simpatia que têm pelo cavalo de modo geral- sintonizem os canais que transmitam provas hípicas e sejam nossos torcedores nos Jogos. Afinal, se pretendemos mobilizar praticantes e aficionados, precisamos divulgar o Hipismo de todas as formas.
A infraestrutra no condominío Herdade das Palmas é muito boa. Porfavor comente um pouco sobre o diferencial do local.
O espaço é privilegiado. Quase único no País. Cercada pela mata Atlãntica, a área hípica tem duas pistas de areia, uma imensa pista de Derby que pode ser transformada em até três pistas de grama, jardins magníficos, acomodações cobertas para público, cerca de 7000 m2 de área plana para piquetes e/ou cocheiras desmontáveis, 40 cocheiras em alvenaria, trilhas para enduro, etc. Tudo isso a menos de 2h da Cidade do Rio de Janeiro, com boa hotelaria numa região rica em história e tradição. Por sinal, vários dos obstáculos do Derby idealizado pelo Helinho Pessoa remetem às tradições da região, conforme o Manuel Lopes da Costa explicou ao Prefeito e Secretariado do Município, apontando obstáculo por obstáculo.
Os condôminos, sem exceções, são todos amantes do Cavalo e agora têm como vizinho outro apaixonado pelo esporte, o empresário Antonio Carlos de Almeida Braga. O comando de Palmas ficou com o Manuel Lopes da Costa, nosso cavaleiro amador de salto, que se empenhou desde que Palmas foi escolhida como sede dos JEF. Manuel foi quem pensou no Condominio e é profundo conhecedor da região e das demandas do hipismo em geral.
As trilhas do enduro são dentro do próprio condomínio?
São 100% dentro do condomínio, o que as torna seguras, livres de riscos para os enduristas. Paulo Ricardo Barbério, o Cadão, o trilheiro indicado pelo IEB (Instituto Enduro Brasil) considera as trilhas de Palmas como das mais bonitas e desafiadoras. Um opção nova e espetacular para nossos enduristas.
Tinha pista especial para rédeas ?
O piso para Rédeas pouco difere daqueles pisos usados até hoje para o salto. Não é fofo: pelo contrário, tem base em argila socada, bem socada, e na superfície areia de fundo de rio, lavada. O piso estava perfeito, elogiado por todos e, em particular, pelo Presidente da ANCR (Associação Nacional do Cavalo de Rédeas), Peter Christians e pelo João Felipe Lacerda, cavaleiro que representou o Brasil na equipe de rédeas nos Jogos Equestres Mundiais 2010 em Kentucky, EUA. Aliás, sugerimos que nossos Presidentes de Federações olhem atentos para essa modalidade que está crescendo consideravelmente no mundo todo. A prova é espetacular – o público vibra muito - a figura do cowboy é familiar a todo mundo e, principalmente, animais ótimos para Rédeas podem ser adquiridos a preços muito inferiores aos de salto e de dressage. Essa é uma das razões da crescente popularização da modalidade. Os praticantes podem sonhar com as participações internacionais já que os preços são bem mais acessíveis.
Qual a estimativa e público na soma dos dois dias? Ao todo quantos foram os participantes?
Nos dois de competição cerca de 2 mil pessoas prestigiaram os Jogos Equestres Fluminenses. Tivemos cerca de 150 cavalos atuando. Não fosse a proximidade de outros eventos importantes de salto, com certeza o nº de saltadores teria sido triplicado.
Rodolfo, como presidente da FEERJ, qual saldo da sua gestão e dos Jogos Equestres Fluminenses?
Quando assumimos em 2012, decidimos no Programa de Eventos FEERJ investir em dois caminhos. O primeiro apoiando Concursos Hípicos que já carregavam anos de realizações, a esmagadora maioria na modalidade Salto. Esses se caracterizam por gestão e cara próprias – por Clubes e/ou Promotores esportivos – sendo o papel da FEERJ meramente normativo.
O segundo, mais desafiador, foi o de criar eventos nas 4 modalidades – afinal, a Federação não se resume ao Salto – assumindo completa responsabilidade na gestão dos mesmos e na parte financeira. Com esse objetivo, consolidamos parcerias com a nossa CBH, com o Instituto Enduro Brasil, com a Associação Nacional do Cavalo de Rédeas e a Associação Carioca do Cavalo de Rédeas e Pleasure, com o Ministério do Esporte e a Secretaria Estadual de Esporte e Lazer, com Prefeituras Municipais. Parcerias que se traduzem em novos recursos e sobretudo, apoio logístico às competições. Para se ter uma idéia, movimentamos nesse segundo viés do Programa de Eventos perto de R$ 600 mil, recursos novos que representaram 85% da receita anual anterior da FEERJ.
Realizamos o Concurso de Salto Estadual de Abertura, os Campeonatos Estaduais das quatro modalidades, o Estadual de Escolas, o CSN da Juventude, arcamos com todas as despesas da presença de nossa delegação no Brasileiro de Escolas, no Recife. Ao final desse ano, promoveremos os Campeonatos Brasileiros das categorias Senior e Master.
O sucesso dos JEF teve um sabor especial, porque aqueles dois dias resumiram essa segunda linha de trabalho da FEERJ. Tínhamos as quatro modalidades muito bem representadas, Governos Federal, Estadual e Municipal participando, inclusive com a presença de autoridades, e um público que ainda recebeu centenas de crianças de escolas públicas do Município de Paulo de Frontin que foram apresentadas ao mundo do Cavalo de Esporte. Nos trouxe também grande alegria poder contribuir com materiais esportivos para o Programa de Esportes da Rede Municipal de Ensino, beneficiando centenas de crianças e adolescentes da região, ações sócio-educativas que irão acompanhar as próximas edições dos JEF.
A proxima edição já tem data marcada ? Vocês pensam em incluir ainda mais modalidades ?
Sim, vai ser um Inter Estadual, entre 19 e 21 de Setembro de 2014. Os enduristas e o pessoal de Rédeas querem triplicar a presença de suas respectivas modalidades e consideramos introduzir demonstrações de Volteio e de Atrelagem.
Quais os eventos ou projetos da FEERJ que têm ajuda da Lei de incentivo ao esporte?
Praticamente todos os nossos Projetos têm amparo nas Leis, Federal e Estadual.Na Lei Federal, temos o “Ranking FEERJ”, cuja 1ª versão foi a de 2012, quando assumimos. Esse projeto abrange as quatro modalidades, com provas, clínicas e ações de apoio aos nossos Clubes e Núcleos filiados. Contamos com Empresas e Pessoas Físicas nesse mecenato para o esporte, com fruição de benefícios no Imposto de Renda devido. A propósito, em março de 2014, a FEERJ vai promover um encontro da comunidade hípica do Rio De Janeiro com produtores culturais e artistas que já se utilizam de tais mecanismos fiscais. Na Lei Estadual, inserimos os JEFs e os Campeonatos Estaduais.
A propósito dessa Lei Estadual, a Lei do ICMS, uma curiosidade e que nos foi contada pelo Heraldo Nunes, nosso amigo e colaborador na FEERJ. Você sabia que foi o Hipismo quem abriu as portas da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte e à Cultura? Pois foi.
Em 95, o Marco Antonio Alencar, então novato no Hipismo mas tão entusiasmado quanto hoje, liderou um movimento para levar o Hipismo para fora dos muros da Hípica. A Lei Rouanet, que começava a alavancar a Cultura no País, indicava que o Esporte – e o Hipismo, em particular – precisava de mecanismo parecido.
Encontrou-se a Lei do ICMS, legado do Governo Brizola e que atendia ao Esporte e à Cultura com isenções fiscais de ICMS às Empresas investidoras. O problema era que dependia da Secretaria de Fazenda – resistente a renúncias fiscais – as autorizações para fruição dos benefícios. Logo, a Lei não funcionava, para os poucos produtores culturais/ esportivos que a conheciam. Tudo ia bem até chegar á caneta do Secretário de Fazenda, que negava.
Para sorte da Cultura e do Esporte no Estado, o Governador era o Dr. Marcello Alencar, pai do Marco Antonio e do Marco Aurélio, então Secretário de Fazenda e que autorizou à GERDAU – olhem aí o nosso querido Dr. Jorge Gerdau Johannpeter, sempre apoiando ao Hipismo.
Por isso houve o GP na Marina da Glória, espaço hoje voltado ao entretenimento e à grandes exposições. Aliás, foi o Dr. Jorge quem sugeriu a Marina da Glória, apontando-a de seu escritório no Centro do Rio. Depois, o Governador Sergio Cabral e o Carlos Minc, atendendo a uma solicitação do nosso grupo do Hipismo, ‘arredondaram’ a Lei, aparando as arestas ainda no Governo Garotinho. Tudo isso surgiu dentro da Hípica.
Agora em novembro tem uma na FEERJ com o Aniversário da Hípica, Internacional e Campeonato Brasileiro Senior e Master. Quais as expectativas ?
Ao longo de três semanas seguidas, teremos três grandes eventos. Um desses é muito especial, porque celebrará os 75 anos da nossa Hípica - o Jubileu de Brilhante. E que história magnífica foi escrita nesses 75 anos! Logo depois, o Internacional do Rio de Janeiro, concurso que serviu de exemplo a tantos outros pelo País, graças a várias ações inovadoras e ousadas e encerraremos com os Campeonatos Brasileiros Master e Senior. Muito trabalho, muito empenho e, ao final, muita alegria em receber amigos de todo o País na nossa Hípica que está brilhando.
Rodolpho Figueira de Mello premiando Luiz Carlos Nolasco, um dos vencedores na categoria amador, nos JEF, que tem a sua esquerda João Roberto Marinho, que venceu a prova O Globo durante o evento
Rodolpho você vem de uma família de cavaleiros. O que significa para você contribuir pelo esporte como dirigente ?
Meu pai Rodolpho, além de cavaleiro e criador apaixonado, foi Presidente da FEERJ e da CBH. Após ser Presidente na FEERJ, aceitou ser Vice do nosso querido Antonio Alegria, numa atitude incomum. Como empresário na área de Saúde, também sempre encontrou tempo e disposição para a dirigência nas instituições de classe. Amava liderar, contribuir ativamente para o bem feito. Meu avô materno – Celso da Rocha Miranda – também. Dessas lições de convivência veio nosso desejo de sermos mais participativos. Talvez sem o mesmo brilho, mas com a mesma vontade.
Atualmente quantos cavaleiros e amazonas são filiados a FEERJ ?
Temos 198 cavaleiros registrados na modalidade Salto, cerca de 150 em Escolas de Equitação, perto de 60 distribuídos em Rédeas, Enduro e Adestramento. Há pouco mais de 320 cavalos registrados em salto e 150 entre Escolas, Redeas, Enduro e Adestramento. Pouco, em nossa opinião. Precisamos ampliar esses números.
A iniciativa dos Jogos Equestres Fluminenses com provas também para poneis certamente contribui para popularização do esporte. A seu ver quais outras medidas podem ser boas para aumentar o número de praticantes ?
A nosso ver, a Escola de Poneis da Françoise Denis foi uma das mais importantes iniciativas no hipismo nacional, no que tange ao ensino da equitação. É um sistema exemplar, que tem como princípio a integração da criança com o cavalo. Não se resume ao aprendizado da equitação, mas desenvolve uma relação de carinho e de respeito ao animal. Não que outras práticas de ensino não façam isso, mas na Escola de Poneis essa relação fica ainda mais clara.
Jovens talentos aquecem seus pôneis nos Jogos Equestres Fluminenses para a disputa de uma prova de Salto
Na Europa e na América, crianças começam a competir em pôneis, permanecendo nessas provas até a pré-adolescência. Assim, criam um mercado forte nesse segmento. Sem dúvida, é uma das melhores portas de entrada para novos praticantes. Nossa Cidade – em se tratando de hipismo - perdeu muito com a saída do Fazenda Club Marapendí que, em seus tempos de ouro, chegou a ter 400 cocheiras ocupadas. O FCM fica no ‘coração’ da Barra, hoje verdadeira cidade dentro do Rio. E atravessar hoje os túneis é duro! Assim, o público da Barra fica com poucas opções. Por outro lado, há sinais de que o Jockey Club, agora sob presidência do Carlos Eduardo Palermo, ex-presidente da Hípica, vai criar uma Escola de Poneis por lá. Seria ótimo!
Diversos atletas do Rio subiram ao pódio no Americano da Juventude. Você gostaria de parabenizá-los ?
Verdadeiros guerreiros. Poucos, mas ótimos. Todos estão de parabéns.
Deixe uma mensagem para comunidade hípica carioca e também nacional que sempre gostam de prestigiar os eventos da FEERJ.
Vocês fazem o Hipismo do Rio. Continuem conosco e, os de fora, serão sempre bem vindos. Aos nossos patrocinadores, nossos agradecimentos pelo apoio e pela confiança.
Fonte: CBH - C. May; fotos: Russo / divulgação
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