Para contar um pouco como foi a experiência no Campeonato de Invierno Copa Confraternidad Lipizzana, em Puerto Montt, no sul do Chile, entre 18 e 20/8, Sandra Smith de Oliveira Martins, integrante do grupo de juizes ao lado de Max Piraino, do Chile, e Carolina Sanches, da Colômbia e diretora de Adestramento da Confederação Brasileira de Hipismo, nos enviou uma coluna. A participação brasileira no picadeiro, na única Escuela Clásica Lipizzana no continente coordenada por Oscar Coddou, ficou por conta da experiente amazona Micheline Schulze, ao lado de Denis Komoda, Beatriz Vercesi, os três de São Paulo, e Fernanda Falk, do Rio Grande do Sul.
Uma viagem no tempo às origens do Adestramento por Sandra Smith de Oliveira Martins*
Seguindo a programação de intercâmbio de cavaleiros na América do Sul, proposta pelo General Max Piraíno (Chile), representante da modalidade do Grupo VI, em que o Brasil é integrante, viajamos ao sul do Chile, no local, Haras Tronador, Puerto Mont, onde fomos recebidos com excepcional atenção e amabilidade pelo amigo General Oscar Coddou e sua equipe, entre eles, Alejandra Cox e Diego Uriarte.
Ao chegar encontramos instalações de primeiríssimo nível, na Escola Clásica Lipizzana – única filial reconhecida da Escola de Arte Equestre de Viena.
Apresentações da alta Escola de Viena
Tudo nos impressionou, desde a beleza do local, as instalações, a calorosa recepção, e a história e tradição mantidas ali. Além das impecáveis e luxuosas instalações, existe o treinamento para cavalos e cavaleiros desde o início até a alta escola, treinamento para tratadores, ferradores bem como uma alta tecnologia para reprodução da raça.
Flash de confraternização postado na página do facebook da Escuela Clasica Lipizana
Tivemos a oportunidade de relembrar e para alguns de conhecer a história de nosso esporte, bem como dos cavalos imperiais lipizanos. Descobrimos que em plena 2ª guerra mundial houve uma trégua entre o General Patton (EUA) e General Podahsky (ALE), para poder salvar estes exemplares retirando-os do caminho do exército vermelho...(o cavalo é capaz até de interromper uma guerra mundial...incrível!). Também fomos agraciados com apresentações de alta escola.
Eu sempre digo que o adestramento é “equilíbrio em movimento”, e aqui me deparei com o comentário de que o trabalho feito no Chile é “poesia em movimento”, nada mais verdadeiro. Tivemos um fim de semana mágico foi como atravessar a barreira do tempo e voltar à essência do esporte através da arte equestre.
Tradição e requinte
Nossos cavaleiros foram Micheline Schulze (SP), a Mica, experiente amazona que já participou de provas internacionais representando o Brasil, Fernanda Falk (RS) amazona que compete no ranking no sul do país , Beatriz Versachi e Denis Komoda (SP) ambos cavaleiros da Escola da Sociedade Hípica Paulista. Mica montou Conversano Generale e sua dupla foi Antonio Garcia. Fernanda Falk se apresentou com Maestoso Malbec e sua dupla foi Julio Fonseca. Beatriz Versesi montou Malaga e formou dupla com Humberto Pizarro. F competiu com Fantasia e sua dupla foi Maritzia Vargas. Todos cavalos Lipizzanos.
Os brasileiros Fernanda, Beatriz e Dennys com Sandra
Na Copa Confraternização cavaleiros estrangeiros montam e experimentem o cavalo que lhes coube no sorteio na sexta feira. No sábado o cavaleiro (chileno) faz uma prova com seu cavalo valendo pontos. No próprio sábado na parte da tarde os cavaleiros estrangeiros fazem uma prova de adaptação e no domingo os cavaleiros estrangeiros fazem uma prova valendo pontos.
Os pontos do cavaleiro chileno e do cavaleiro estrangeiros são somados e é vencedora a dupla que mais pontos conquistar. Sendo que o cavaleiro local não ganha prêmio, mas entrega o troféu ao sua dupla. E os resultados da participação brasileira ficaram assim: na série Media II Micheline Schulze sagrou-se campeã, na série Preliminar Fernanda Falk foi a campeã. Serie Elementar, Beatriz Versechi conquistou o 1º posto, e Denis Komoda garantiu a 3ª colocação. Além do Brasil, também participaram cavaleiros da Colômbia, Argentina e Peru.
Fernanda Falk, Denis Komoda, Sandra Smith de Oliveira Martins e Beatriz Verseci
O critério de seleção para este intercâmbio foi por ordem de chegada das inscrições e o convite foi divulgado no site da CBH e enviado às federações estaduais. A CBH tem intenção de intensificar cada vez mais estes intercâmbios, dando prioridade aos cavaleiros que participam em provas promovidas pela CBH como CAN, Desafio Brasil, Challenge e Campeonato Brasileiros, assim como para as categorias de base e cavaleiros iniciando sua carreira internacional. Da mesma forma pretende-se incentivar a vinda dos cavaleiros estrangeiros ao Brasil em nossos eventos com cavalos emprestados.
Micheline Schulze satisfeita com sua apresentação e vitória na série Média II
Para todos foi uma oportunidade única e um fim de semana muito agradável de verdadeira confraternização e amor ao cavalo e ao adestramento.E assim chegamos ao domingo, hora de embarcar de volta desta viagem enriquecedora, com o sentimento do importante clima de amizade, camaradagem, amor e respeito ao cavalo, constante entre todos os participantes e anfitriões, fazendo com que todos voltemos renovados, inspirados pela paixão do General Oscar Coddou pela Arte Equestre e com a certeza de que “juntos podemos mais”.
*Sandra Smith de Oliveira Martins é juiza internacional 3*, diretora de Adestramento da CBH e como amazona disputou os Jogos Pan-americanos de Winnipeg 1999, Rio 2007 e entre suas conquistas estão o 14º lugar no Pan 1999 e 5º por equipe no Pan 2007, 4º lugar nos Campeonatos Sul-americanos 1997, 1998 e 2001, vice campeã FEI Challenge 98, Campeã Argentina 2000 GP Senior Especial.