No início de 2012, Paulo Foroni, cavaleiro e criador do Haras Método fundado pelo seu pai Vitor, assumiu a presidência da Associação Brasileira de Criadores do Cavalo de Hipismo (ABCCH). Após quatro anos de gestão de Antonio Celso Fortino, o desafio é dar continuidade ao trabalho do antecessor e cada vez mais divulgar a excelência da criação nacional com o cavalo Brasileiro de Hipismo (BH) a patamares internacionais e atrair o mercado estrangeiro.
Paulo Foroni, cavaleiro e criador, a serviço da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo de Hipismo; foto: Quinta da Baroneza / divulgação
Para tanto, a ABCCH em parceira com a Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) também está investindo na formação do cavalo novo, ou seja, o trabalho de base necessário para o melhor desenvolvimento do potencial do cavalo BH. Em 2012 já foram três as clínicas com o renomado treinador Sebastian Rohde, que atuou por mais de uma década no Holsteiner Verband, a premiada Associação do cavalo Holsteiner na Alemanha.
Luiz Roberto Giugni, presidente da CBH, com Luiz Rocco, secretário geral da CBH, e os criadores Sergino Ribeirão de Mendonça, titular do Haras Agromen, e Paulo Foroni, presidente da ABCCH e titular do Haras Míétodo; foto: CM
Em entrevista ao portal da CBH, Foroni aborda o sucesso da clínica, números da criação nacional e desafios da ABCCH.
CBH. Essa é a primeira vez que ABCCH em parceira com a CBH investe em uma sequencia de cursos para formação de cavalos. Como presidente da ABCCH como você vê isso?
Paulo Foroni. Esta é uma situação que já deveria ter ocorrido há muito tempo. Hoje, em países que são grandes potencias no hipismo Associações de criadores e Confederação trabalham em sintonia. As Associações (Criatórios) fornecem a matéria prima (cavalos) para o esporte e as confederações sabem que um esporte de um alto nível depende de cavalos de alto nível.
Por outro lado as Associações sabem que o futuro de seu mercado está no esporte e para isto precisam que cresça e abra novas fronteiras. Por estas razões é muito importante que a Confederação e a Associação trabalhem juntos pois dependem uma da outra. Fazer esta parceria para clínicas de formação de cavalos novos, com certeza, renderá frutos para ambas e deve abrir portas para novos projetos. Como presidente da ABCCH gostaria de agradecer ao presidente da CBH, Luiz Roberto Giugni, por esta parceria e por toda força que tem dado à criação nacional.
CBH. Na temporada 2012 já foram três as clínicas - duas em São Paulo e uma em Curitiba - com o renomado treinador Sebastian Rohde que visa principalmente a formação do cavalo novos. Como vocês estão sentindo o retorno e a satisfação dos participantes?
Foroni. O retorno tem sido muito bom. Todos os participantes com quem pude conversar gostaram muito da dinâmica das clínicas e sentiram grande evolução ao final. A prova disto são os cavaleiros que têm feito a clínica repetidamente é a solicitação de novas clínicas.
CBH. Em linhas gerais, quais os pontos principais do trabalho que Sebastian tem apontado?
Foroni. A principal ênfase é o adestramento de salto, trabalhando muito os exercícios sobre varas no chão e pequenos obstáculos (80 cm) exigindo sempre dos conjuntos a máxima perfeição. Ele só da continuidade nos exercícios para um conjunto quando este executa o exercício anterior como ele determina.
CBH. Uma didática adequada é muito importante. O que pode dizer sobre a forma do Sebastian passar o conhecimento?
Foroni. Eu tenho dito que ele é a pessoa certa no lugar certo e na hora certa. Acho que não basta só ter o conhecimento, é muito importante saber e ter vontade de passá-lo adiante. O Sebastian além de ter o conhecimento de como trabalhar um cavalo novo também sabe como passar estas informações para os cavaleiros. Todos que participaram das clínicas puderam observar a grande paciência e vontade dele em tentar passar as informações e se fazer entender.
CBH. A formação de cavalos é um importante complemento para a criação nacional. A médio e longo prazo, você acredita que haverá maior retorno?
Foroni. Com toda certeza. A prova disto é ver que grandes cavalos hoje foram aqueles que tiveram oportunidade de uma boa formação no passado.
CBH. Quais são as datas e locais das clínicas ainda em 2012? Tem previsão de continuar em 2013?
Foroni. Vamos ter clinicas no Haras Agromen, Juiz de Fora e em Belo Horizonte em outubro. Temos também já programada uma clínica no começo de dezembro em São Paulo. O projeto para as clinicas em 2013 já está pronto e só depende da confirmação das datas e locais. Para maiores informações é só entrar em contato com a ABCCH.
CBH. A criação nacional vem crescendo cada vez mais. Atualmente quantos potros são registrados na ABCCH por ano e quantos cavalos BH estão em atividade no país?
Foroni. Atualmente temos registrado de 800 a 1000 potros por ano. Estamos fazendo um levantamento de quantos cavalos BH estão no esporte.
CBH. Em 2011, a ABCCH implantou o programa “matrizes de ouro” que veio para auxiliar a todos os criadores, mas principalmente também quem está começando a criar. Para você qual a importância do programa?
Foroni. Este programa talvez seja um dos programas mais importantes que ABCCH já fez. Todos sabem que a genética não é uma matemática exata mais segue alguns princípios e um deles é que a égua é tão ou mais importante que o garanhão na qualidade do potro. O programa tem como objetivo identificar as matrizes e linhagens maternas que se destacam no criatório por sua progenie e com isto fornecer aos criadores, principalmente aos novos, estas informações afim de que invistam em linhagens maternas comprovadamente importantes.
CBH. Você acredita que o cavalo Brasileiro de Hipismo possa vir a ser uma alternativa para concorrer com a criação na Europa, por exemplo, atraindo compradores dos EUA e outras partes do mundo?
Foroni. Quando se tem qualidade você é sempre uma alternativa. Hoje apesar de criar em um escala muito menor que a Europa já tivemos resultados muito expressivos a nível mundial como por exemplo as duas medalhas olímpicas por equipes formadas basicamente por cavalos BH (Brasileiro de Hipismo). O que precisamos é fortalecer a imagem do BH no exterior e fazer com que eles possam conhecer nossa qualidade.
CBH. Nada melhor que produto nacional em pistas internacionais para fazer o “comercial” do cavalo BH e o Haras Método está entre os criatórios mais bem sucedidos. Por favor destaque alguns cavalos do Haras Método vendidos para o exterior.
Foroni. Opium Método (finalista na Copa do Mundo em Milão), Oliver Método (medalha de bronze por equipe no pan-americano de Santo Domingo, Le Grannus Método, Nelson Método, Roma Método, Quapillon Método (eleito o melhor cavalo de GP na Argentina em 2007), Pia Método (égua que serviu como reprodutora em um dos mais importantes criatórios do mundo, o Zangersheid), Oscar Método.
CBH. A seu ver, o que ainda pode ser feito para divulgar mais a criação nacional?
Foroni. Temos que exaltar mais os resultados conquistados pelos cavalos BH. Nós temos resultados mas divulgamos pouco. É preciso trabalhar melhor com os canais de comunicação e fazer estes resultados chegarem onde nos interessa.
CBH. A edição 2012 do Festival foi um grande sucesso. Quais os principais pontos positivos do evento e o que pode ser melhorarado nas próximas edições?
Foroni. O grande ponto positivo deste modelo de festival é reunir em um mesmo espaço criadores, cavaleiros e proprietários. A ideia é fazer com que eles se relacionem, já que o criador precisa do cavaleiro para introduzir o seu cavalo no esporte e o cavaleiro precisa do cavalo do criador pois é sua ferramenta de trabalho e, por sua vez, ambos precisam do proprietário que é quem investe no esporte. Sempre temos o que melhorar. Já estamos trabalhando para o próximo festival, principalmente, com a ênfase de reunir um número maior de criadores, cavaleiros e proprietários.
CBH. Por favor deixe uma mensagem para os criadores brasileiros.
Foroni. Gostaria de parabenizá-los pelo belo trabalho que fizeram até agora e que continuem acreditando e investindo na raça, pois usando um jargão bem popular: a "união faz a força" e o BH precisa de união.
Fonte: CBH - Carola May
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